Embora a semana possa se desenvolver com doses altas de cinismo, de amargura, e de frieza (e é bom estar já preparado para isso e não se assustar com o que possa aparecer), é provável que exista algo em nós que nos permita manter o coração elevado, e uma capacidade de perceber que o amor incondicional é algo que vale a pena ser treinado e vivido. A Rainha de Espadas, portadora de uma intuição importante, é talvez a figura de corte que mais nos fala da percepção da realidade, o que nem sempre é fácil de suportar e lidar. Ela é sagaz e muito direta, e isso também pode incomodar.
A chance de se perceberem, nas relações sociais, todos aqueles movimentos que se pretendiam manter escondidos, ou reservados mesmo, é muito grande. Prepare-se para que o outro perceba o que você preferiria manter resguardado (ou silenciado mesmo), e prepare-se para que isso possa desordenar o que você vem tentando manter bem ordenado, sob controle. A energia da semana interfere, porque há indícios de desconfortos que partem de olhares muito argutos, que veem através do outro ou através das situações da vida, provocando desordem.
A Rainha de Espadas nos fala bastante das máscaras que usamos. Quem somos no trabalho, quem somos na família, quem somos quando encontramos alguém na rua que nos desagrada mas que cumprimentamos polidamente. Se você acha que não usa máscaras, que se livrou delas, que isso é coisa de gente pouco evoluída – lamento dizer-lhe o contrário. Todos usamos máscaras, provavelmente o tempo todo, trocando-as dependendo das situações com as quais precisamos lidar ao longo do dia, e que exigem de nós estas ou aquelas qualidades e posturas. A frieza da Rainha de Espadas nos mostra com clareza essas máscaras, e talvez nos dê sinais de quais não são corretas, quais não nos pertencem mais. Uma das formas de perceber isso pode ser o retorno que o outro nos dá, a reação que os outros têm a nós mesmos.
Identificar os papéis que cada um de nós desempenha na vida, se falar de máscaras for difícil, é também um bom ponto de partida; perceber o que nos demanda determinado papel, e de que maneira nos relacionamos com essa demanda, e como tudo isso se liga a quem queremos ser, de que maneira queremos viver e a que queremos de fato entregar o tempo da nossa vida. Estão de acordo, os papéis que que desempenhamos, e como os desempenhamos, e quem queremos ser de fato?
O maior dos conselhos para esta semana é evitar ser duro demais – com você e com os outros ao redor. Evitar expor as mazelas alheias, mesmo para a própria pessoa que as carrega e que está diante de você. E veja: não é manter-se sob controle, é manter-se conectado com a fonte que gera compreensão e delicadeza, suavidade e gentileza. É provável que haja verdades esta semana que o outro não precisa ouvir, não precisa ficar ciente, porque não dará conta de lidar (e o mesmo tende a acontecer com você, e daí virá a desorganização). Olhe em volta. Perceba a realidade num tom maior. Amplifique a sua percepção do outro dando-lhe o benefício da dúvida, e dando-se a você mesmo o benefício da dúvida. Você pode estar errado? Sim, ainda que tudo lhe diga que não, e que tudo seja muito óbvio e que “só não vê quem não quer”. Nada disso importa, no fundo. Há um sofrimento imenso na Humanidade atual, esse sofrimento é real e profundo, e todos, todos mesmo, somos tocados por ele, quer queiramos quer não queiramos. Parta do princípio de que cuidar do outro como você mesmo precisa ser cuidado será, esta semana mais que outras, a garantia de relações humanas serenas, respeitosas e equilibradas. Isso fará imensa diferença na qualidade da vida que rodeia você, e isso se amplifica. Cuide, de você e do outro.