Sobre Ana

Olá! Que bom que você chegou aqui! A minha intenção nesta seção é contar-lhe um pouco de quem sou, de onde vim e o que me proponho ao escolher estes dois temas apaixonantes, Tarot e Escrita, para viver a minha vida. Ambos andam lado a lado na minha vida há décadas, mas foram necessários aprofundamento e amadurecimento para que assumissem o caráter que têm hoje. Foram precisas experiências de vida e, se falo delas a seguir, é porque sei o quanto me compõem e fazem parte dos meus ossos. O sangue que corre nas veias sempre pode ser renovado, mas assim como devemos honrar nossos ancestrais, é também preciso que honremos quem fomos e quem nos trouxe até aqui.

Nasci em Portugal, nas Caldas da Rainha, em 1965. Minha mãe, Leonor; meu pai, António. Minhas avós, Ofélia e Glória. Meus avôs, João e António. Tias e tios queridos, uma enormidade de primos e primas, e uma irmã querida de nome florido. Meu pai, diplomata, ofereceu-me a riqueza de uma vida em muitas partes, sem me sentir integralmente parte de nenhuma. Manteve-me portuguesa, e eu mantive-me aberta. Minha mãe, mente aberta e coração imenso, cultivou em mim o campo da espiritualidade, da liberdade e do pensar livre.

Embora esteja no Brasil há mais de 35 anos, a minha alma transpira lusitanidade. A literatura, e muito especialmente a poesia, têm sido minha respiração. A Palavra é aqui um eixo, e não qualquer palavra: Sophia de Mello Breyner Andresen, Antonio Gedeão, Miguel Torga. Boa parte da minha vida está desde sempre dedicada à escrita e à leitura, aos processos de formação de escritores e de revisão de seus textos, seja de que tipo forem. O Tarot veio juntar-se a esses processos para iluminar cantos escuros, meus e de outros. A escrita, pelas suas mãos, torna-se caminho de cura, de olhar para si mesmo, de transformar-se em ficção redentora. É disto que tratam todos os workshops, mentorias e cursos sobre Escrita, assim como o trabalho com Tarot e Escrita.

Fui mãe pela primeira vez em 1985, e pela sétima vez em 2002. Sete encontros que guiam a minha vida, as minhas aspirações pedagógicas e artísticas, a minha busca de sentido e transcendência para a vida sobre o planeta. Nasceram também nove livros, o primeiro deles justamente sobre isso, sobre nascer, e sobre nascer em casa. Depois, oito livros que passeiam pela poesia, pelo conto, pela crônica, pelo romance.

Portugal, Brasil e África. Dos maternos Açores, fui para Cabo Verde, a bordo de um mestrado que me fez repensar também a família. Anos mais tarde, nas salas de aula iluminadas da Escola Waldorf Aitiara, onde fui professora por mais de 10 anos, nasceu e cresceu um doutorado que experimentou maneiras e formas de levar as literaturas plurais, todas em língua portuguesa e espalhada por vários continentes, às mãos dos jovens leitores.

Depois, outros lugares – escolas formais, presídios, a rua, a vulnerabilidade social. Em todo lugar, fazer nascer o escritor que vive dentro de toda pessoa, a escuta com o coração.

A vida transformou-se, cada vez mais em busca da dedicação e do serviço ao outro, naquilo que devo ser. O Tarot tornou-se o leme, assim como o caminho sacerdotal: o lugar onde me sento à proa, sirvo, estou inteira. Podem passar-se anos e anos, posso fazer mil e uma consultas: há um frescor a cada nova leitura, o mesmo baralho multiplica-se sem nunca chegar ao fim, abre-se como uma flor se abre diante de quem precisa dele. Nada mais sou do que sua intérprete, sua confidente, sua aprendiz.