Atenção redobrada às nossas intuições, esta semana. É urgente e importante distinguir o que é de fato intuição e o que nos leva na direção de uma ilusão sem fim, gerando expectativas muito além do razoável. Podemos encontrar esta semana uma certa tendência a muito sonho e devaneio, fazendo com que tudo o que nos rodeia seja sinal disto e daquilo. Muita atenção a isso, de fato. Na maioria das vezes só descobrimos que as nossas expectativas não eram razoáveis depois de termos sofrido um tanto – a intenção da carta desta semana é, claramente, evitar-lhe alguns sofrimentos.
É possível que a sensibilidade de todos esteja à flor da pele (só isso já é um ponto de alerta!), e que possamos nos impressionar e nos deixar levar por muita coisa. É indispensável aterrar, por os pés no chão, chamar a nossa consciência de volta à realidade. Essa provavelmente seja a maneira de estarmos a salvo do impacto das desilusões na nossa vida.
Pelo lado mais agradável, se tivermos atenção aos excessos de emoção que possam nos carregar, existem, ao longo da semana, situações de cura, de liberação, de limpeza. É provável que essas curas passem pela desilusão, mas sinceramente parece-me bastante positivo que a limpeza e a recomposição de forças sejam justamente resultado de uma limpeza de expectativas e de, digamos, um banho de realidade.
Senão, seria como colocar vinho novo em odres velhos, como dizem os evangelhos. Ou seja, é preciso uma mente e um coração renovados para que novas ideias, possibilidades e sentimentos lá caibam. A sequência de cartas que este Cinco de Copas abre nos traz quase que um roteiro da semana: sim, podem haver desilusões. Quanto mais se fizerem esforços para que essas desilusões sejam produtivas (isto é, que não nos derrubem, que não nos tornem seres de lamentação eterna, que não nos impeçam de ver onde foi mesmo que exageramos no que esperávamos que acontecesse), mais teremos diante de nós a resposta para a verdadeira pergunta que carregamos. Veja: a verdadeira pergunta opõe-se naturalmente às perguntas acessórias, aquelas indagações esvoaçantes que nada importam mas nos tomam tempo e energia, e, ainda de quebra, nos confundem com relação ao que de fato importa. Selecionar as perguntas, e talvez até mais selecionar o que pensamos serem respostas, pode nos economizar trabalho.
Preste atenção ao que percebe e utilize uma parte do seu tempo em fazer uma espécie de contabilidade interna e em realmente ter certeza de que o que percebe tem valor e vale a pena perseguir. Talvez haja emoções na semana que simplesmente possam seguir caminho sem que lhe seja dada muita atenção. Não se distraia com o que, a rigor, não vale a pena. Como não imaginar que se siga uma desilusão se à partida já se vê que provavelmente não valha muito?
Lembre-se de checar as experiências já vividas, o conhecimento que você já reuniu em sua vida, tenha você o tempo de vida que tiver – esta semana isto pode ser-lhe bastante útil, inclusive para que você perceba claramente que já há caminho percorrido, que já não é preciso tropeçar de novo naquela pedra, que não há porque se perder pelos mesmos caminhos, dar ouvidos às mesmas impressões nem relevância a certas opiniões. Resguarde-se um pouco, evite agir impulsivamente, dar respostas apressadas. Está em dúvida? Considere a sua dúvida uma ajuda, e investigue. Não sabendo a resposta, silencie mais, para que ela se faça ouvir.
Caso a desilusão já logo se apresente, e não haja muito o que fazer a seu respeito, a não ser se conformar ou se estressar com o tema, talvez seja mais inteligente assumir a primeira possibilidade, só que, em vez de usar as palavras “conformar-se”, ou “resignar-se”, chamar tudo isso de “aceitar”. Aceitar-se, inclusive, com todo o amor e compaixão que precisamos ter por nós mesmos. Achou que a promoção prometida era real e de repente não veio? Aceite. Pensou ter encontrado o amor da sua vida e afinal não era bem isso? Aceite. Achou que aquela ideia magnífica que você teve ia ser aceita, e ia até entusiasmar todos ao seu redor, e ninguém na verdade lhe prestou muita atenção? Aceite. E então, reveja as suas expectativas. Perceba que existem outros processos acontecendo em simultâneo, e talvez as coisas demorem mais, ou talvez seja bom mesmo que algo não se realize, porque haverá algo adiante que precisará de seu tempo e seu envolvimento… Há tantas possibilidades em aberto… por que agarrar-se a uma única delas?
Cuide dos odres onde guardará o vinho novo, a semana é propícia para movimentos assim. Perceba que as limpezas servem para nos deixarem mais limpos. Às vezes é preciso esfregar muito, às vezes a esponja é muito áspera. Aceite e prepare-se para o novo que virá e precisará ter lugar para se acomodar.
Boa semana!
