7 de Ouros

Uma necessidade urgente de reconhecimento franco de si mesmo, e das suas potencialidades, pode emergir durante esta semana. Os tons escuros deste 7 de Ouros trazem à tona, neste momento, a falência de tudo aquilo que não está destinado a prosperar. Como um vale de sombras, um quarto escuro, um pântano putrefacto, pode ser que nos encontremos esta semana com aspectos do mundo e dos outros que não gostemos, que nos enojem, pelos quais sintamos repulsa. Se assim for, escute seu coração e afaste-se.

Mas pode ser que esses aspectos sejam internos, da própria vida, do reflexo que vemos no espelho. Agora será, então, a hora de despojar-se desses aspectos, declarar-lhes falência, e trabalhar em si o despontar das características positivas de si mesmo. Em algum momento da vida é necessário que nos afastemos internamente do que não queremos ver prosperar em nós, do que não tem vida aproveitável, do que já acabou, do que nos derruba e sabota. Assim é, e se olharmos com atenção e cuidado, veremos que já sabemos exatamente do que trata esta carta. Flata o nosso impulso consistente.

O conselho desta semana é a auto-observação atenta e minuciosa àquilo que nos dá forma. As palavras que dizemos, os pensamentos que temos, as atitudes que repetimos. Quem somos e o que nos constitui? Poderá ser que nossas palavras não correspondam aos fatos?! Que nossas piscinas estejam cheias de ratos?! Pois há que arregaçar as mangas, e diante da honestidade de compreendermos que não há como continuar da maneira como estamos, tenhamos a coragem, a franqueza e o impulso de transformarmos o que precisa ser transformado, transcendido o que precisa ser transcendido.

Podem ocorrer perdas esta semana – negócios que não frutifiquem como prometido, esperanças jogadas por terra. Todo investimento deve ser analisado da maneira mais fria e lógica possível e, sem se perder a autoconfiança, partir do princípio de que, por um ou outro motivo, é possível que não se prospere. Pode haver empecilhos no caminho ou simplesmente, como diria o agricultor, a chuva não vir na hora certa. O que faz esse agricultor, ao ter lançado a semente ao solo e a chuva não a acordar? Respira e segue em frente.

O que é indispensável é não querer impor a sua vontade a qualquer preço, não ver nada a não ser a sua vontade, o seu ganho,  a sua vida, o seu capricho. O egocentrismo será a espada caindo e acertando o alvo, mantenha-se a salvo. Ao mesmo tempo, curiosamente, é justamente esse egocentrismo (o como, quando, onde, com quem e de que forma se manifeste) que pode lhe trazer pistas de quais são os lugares da sua personalidade que precisam ser trabalhados e transcendidos, de forma a que a sua individualidade (isso que dentro de você é in-divíduo, portanto não se divide nem cinde) possa vir-a-ser ela mesma, interna e eternamente. Deslocar-se das por vezes contundentes circunstâncias externas é necessário para encontrar o centro, o que está dentro. O que é efêmero não deve ser entendido como perpétuo, nem o supérfluo como primordial. O esforço, esta semana, está em saber separar um do outro, não se identificar com a perda e a falta de esperança, e não se agarrar com unhas e dentes ao que pertence à esfera do que tem vida curta, tempo escasso, perspectiva esperança.