O início desta semana está marcado pelo equinócio, esse momento em que os raios solares incidem na Terra exatamente na linha do Equador, fazendo com que metade do planeta esteja iluminada e a outra metade em escuridão. Não deixa de ser revelador que o Sol, uma das cartas mais benéficas de todo o baralho, ilumine também esta semana. Se, por um lado, isto deve nos encher de esperança, porque há luz e energia e vida anunciada e é uma carta realmente calorosa, nos serve também de lembrança de que há uma metade de tudo, inclusive de nós mesmos, que vive mergulhada em escuridão. Em medidas iguais, diz o equinócio, o que não deixa de ser um equilíbrio de forças, sim, e que não devem ser subestimadas também.
Provavelmente seja importante, estes dias, dar de vez em quando um passo atrás. Distanciar-se um pouco do mundo externo, voltando-se para o seu Sol interior, e distanciar-se também de si mesmo, porporcionando-se a oportunidade de se observar de outro ângulo, outro ponto de vista. Caprichos e vontades súbitas podem surgir esta semana, obscurecendo o que de fato nos é importante, os objetivos a longo prazo, o propósito de vida – não esquecer de quem se é pode ser algo a se fazer esta semana com bastante insistência.
Há algo que acontece comigo com as cartas auspiciosas, que é a pergunta que vem logo atrás: auspicioso para quem. O mundo profundamente polarizado em que vivemos faz com que essa pergunta perdure em mim mais do que eu gostaria, mas é realmente inevitável. E a resposta costuma vir de lugares que arranham a superfície dura da realidade e se dirigem ao mais fundo. Àquilo que se mostra e que precisa nos inspirar a ter, antes de mais nada, esperança. O Sol é uma carta profundamente esperançosa. É a abertura da mesa farta, do abraço de irmandades, do respirar pausado ouvindo a chuva que começa a cair, a água fresca que desce do céu para acalmar o calor da terra e a secura do chão.
É preciso ser objetivo, esta semana, lembrar de quais são as nossas metas e os nossos ideais, e não permitir que nada nem ninguém, por um instante, nos faça desviar desse propósito. O Sol também enche o mundo de promessas – não sejamos presas da ingenuidade.
O Sol introduz um tempo de celebração. No hemisfério sul chega com as flores da primavera, no hemisfério norte com os frutos do outono. De uma ou de outra forma, o equilíbrio de forças grita por ser percebido na abertura desta semana – nem sempre sol, nem sempre chuva, nem sempre frio, nem sempre calor, nem a vitória do mal, nem a vitória do bem, mas o equilíbrio de forças, a despolarização da vida. Que a semana nos anime a equilibrarmos as forças dissonantes dentro de nós, nos ajude a equilibrar o talento que temos para julgar os outros, nos ajude a viver de dia quando é de dia, e de noite quando é de noite.