O 6 de Paus nos lança um convite ousado. Abre a nossa semana com uma espécie de desafio a que consigamos perceber que as nossas lutas, os nossos esforços, as exigências que vieram bater em nossa porta, os desafios que temos enfrentado nos últimos tempos, tudo isso: valeu e vale a pena. O 6 de Paus pode indicar não um momento de trégua, mas um tempo de realizar soluções, de perceber pequenas vitórias acontecendo. O desafio que este arcano nos lança vem acompanhado de um “você consegue perceber os passos que você está dando?”.
Há condições para isso poder acontecer, para podermos efetivamente perceber que demos passos. Um deles é reconhecer os campos de crise interna, e se aproximar deles. Voltar os olhos para dentro, com apreciação e sem desespero, é o caminho para perceber esses campos dos quais nos fala o 6 de Paus. Há áreas, diz ele, em que as sombras estão se afastando para dar lugar à luz do sol. Há situações que estão se revelando, se organizando. Caminhos que começam a se delinear de forma mais clara.
Onde houve luta, pode começar a elevar-se o som da tranquilização. Desgastes podem esmorecer. A semana pede que se tenha atenção ao que se mostra hoje, e se deixe estar no passado o que pertence ao passado. Quanto mais ficarmos agarrados às impressões do ontem menos capacidade teremos de perceber o que podemos fazer hoje para pavimentar o dia de amanhã. Lembre-se: o lugar onde o amanhã é preparado é o dia de hoje, não lamente o que fez ou deixou de fazer ontem, porque nada há a fazer sobre isso. Concentre-se em quem você é hoje, e sorria para quem você vai amanhecer amanhã.
Pontos de atenção e cuidado: além do agarrar-se ao que já está morto e é passado, é preciso cuidado com os excessos moralistas, tanto sobre você quanto sobre quem está ao seu redor. Diminua um pouco o seu furor julgador, deixe as pessoas seguirem o seu caminho conforme queiram, porque aliás é o que elas vão fazer mesmo, quer você goste ou não. O medo é algo a ter sob controle especialmente esta semana. O medo de não ser capaz, o medo de não ter, o medo de não corresponder às expectativas alheias. O medo não vai ajudar esta semana, sobretudo os medos desenterrados. Retorne-os à cova de onde não deveriam sair. Ancore-se no seu presente e deixe a vida fluir.
Fluir é uma palavra interessante que significa originalmente escorrer, que por sua vez significa deslocar-se para fora. Se a vida flui para fora, é porque ela flui para dentro de você. E se ela flui para dentro de você, a única retribuição possível é que ela flua de você para fora. Portanto, se você se permitir reconhecer as pequenas vitórias da semana, se você se permitir perceber que a luta de outro dia se resolveu, aquela dificuldade que você teve se apaziguou, se você se permitir a alegria de perceber que um malentendido foi desfeito, uma palavra impiedosa foi substituída por uma palavra amorosa – a vida flui para você e você flui para a vida.
A verdadeira abundância está no fluxo, e é isso que as cartas que apoiam o 6 de Paus contam, e de forma risonha. Mas lembre-se de que o fluxo precisa de espaços abertos, precisa de soltura de amarras, precisa de gargalhadas que quebrem, como se quebram cristais, os frios muros da arrogância e da prepotência, que nada mais são que facetas do medo. Separe um momento do seu dia para rir. Mesmo que ache que não tem motivo. Mesmo que ache que é bobagem. Arrisque-se. Libere-se. E seja a melhor versão de você mesmo que você possa imaginar poder ser. É nesse lugar, na sua poderosa imaginação, que a semana flui como um rio – ora serena, ora agitada, ora precipitada, ora quase parada. Permita o fluxo.