Entramos pela segunda vez, neste mês de junho, nos domínios do 9 de Paus. Um arcano ligado a assumir riscos, a confiar na sua intuição. É um dos aspectos mais fortes , dentro da lingaugem do Tarot, de sucesso e vitória, mas a partir de muito esforço, de muita luta. Se nos mantemos muito vinculados à realidade exterior, entendo-a como verdade e como motivo da vida, desconectados da nossa vida interior, o 9 de Paus pode assumir uma postura dura e intratável, bastante obstinada e estúpida. É preciso por isso manter-se atento a si mesmo, até porque o naipe de Paus é um naipe sobre conhecimento de si mesmo, que é base para toda experiência. Pense: se você não se conhece, como vai integrar em você as experiências que lhe acontecem na vida? Como vai refletir sobre elas e entender que nada vem por acaso e que a vida é um encadeamento de fatos criados pela nossa própria ação? O 9 de Paus, bastante alegremente por sinal, nos convida ao esforço e à luta, mas daquele tipo que vale a pena e que nos enche de confiança de que, em algum ponto do caminho, tudo terá valido a pena.
Desta vez, o 9 de Paus vem acompanhado de cartas que alertam para o recrudescimento das incertezas e das crises, com significativa alteração dos estados mentais, alterações que tendem a nos desorganizar. Dupla atenção, portanto, ao que serve de gatilho para nos tirar do centro. Digamos que este é o risco da semana – o grau de identificação que venhamos a ter com a manifestação externa da vida pode fazer-nos enveredar por caminhos de entristecimento e perda de esperança.
E estes não são tempos de perdermos a esperança. Se há algo que não podemos perder, é a esperança. É fundamental que tenhamos espaço em nossas vidas para perceber e alimentar o lago calmo e pacífico que vive em nós. Com muito esforço, possivelmente, e não sem luta, mas mantermos esse lago vivo e consciente tende a ser um movimento importante para atravessarmos a semana. Nenhum ataque, nenhuma ofensa, nenhum pavor poderá dar entrada em nosso sistema interno se nos mantivermos coligados com seu centro, esse centro a que, desta vez, dou o nome de “lago calmo e pacífico que vive em nós”.
Temos, provavelmente, muitos recursos disponíveis em nossa semana. Muitos movimentos e a capacidade (é a semana que oferece isso) de movimentarmos os elementos que surjam diante de nós. É preciso manter-se atento, e para isso é preciso manter a calma. Respirar e manter a calma. De outra forma, oportunidades passarão por nós e não as aproveitaremos, porque estaremos tão ocupados em lidar com o medo do futuro, com o medo de não termos, com o medo de não sermos capazes, com o medo por outros, até com medos que não conseguimos explicar e nos acordam a meio da noite, que não conseguiremos olhos nem mãos para lançar mão do que a vida quer nos oferecer.
Essas oportunidades, esses elementos que podem surgir na semana, positivamente, incluem pensamentos repentinos, impulsos rápidos, pequenas chispas em seu pensar. Podem ser recebidas mensagens, intuições, mas como num jogo rápido de dados, que é preciso captar e utilizar, antes que os dados desapareçam. É uma semana ágil, e que demanda agilidade somada à calma.
Perceba como os dois aspectos se juntam. A nossa agilidade mental está conectada intimimamente ao nosso lago interno, aquele lugar calmo e pacífico, que nada nem ninguém tem a capacidade de alterar. É preciso conhecer-se a ponto de saber onde mora esse lago em nós, saber chegar lá, porque essa será uma garantia de lugar onde se acalmar diante de qualquer adversidade ou perigo que se manifeste, seja ele real ou imaginário. É preciso esforço, porque é preciso ser rápido, é preciso estar atento, e forte. A identificação com o sofrimento, acreditarmos que tudo está perdido (e é isto que é o desaparecimento da esperança) tende a nos impedir de escutarmos os dados serem lançados, e as portas serem repentinamente abertas, criando espaços de soluções, realizações e descobertas internas.
Lembre-se de que o planeta é um só, mas que cada um de nós é em si um mundo. Assim como as forças planetárias atuam sobre nós, as naturais, as humanas, nós também atuamos sobre o planeta. Aquilo que somos interfere diretamente em quem está ao nosso redor e em quem comunga conosco este mesmo planeta. O seu lago interno, calmo e pacífico, faz diferença não só na sua vida, mas também na de quem a compartilha com você, perto e longe, consciente ou inconscientemente. O 9 de Paus expande. Os seus talentos, a sua experiência, o seu conhecimento de si. Uma semana em sua companhia nos inspira a estarmos próximos e conscientes de nós mesmos, das nossas capacidades – a capacidade de sermos generosos, benevolentes, calmos, pacíficos, pacientes e profundamente bem humorados. Todos se beneficiarão e, em nossa pequena capacidade e alcance, podemos representar a diferença da barbárie.