A Torre

Seria muito bom se pudéssemos estar preparados para qualquer experiência que tivéssemos que viver. Se pudéssemos, dessa forma, aproveitar de forma integral e perfeita, qualquer ensinamento que nos viesse a ser revelado. Seria muito bom, mas expectativas deste tipo não vão funcionar esta semana. Porque não é assim que a vida funciona. Raramente estamos preparados para o que nos acontece, e isso nem é bom nem é mau. De tempos em tempos, é preciso que um raio nos atinja para que possa ser aberto o que estava fechado e possam ser destruídas as grades dos nossos confinamentos. E para que esse raio nos atinja, não podemos estar preparados – se estivéssemos, fugiríamos, e o raio jamais nos acertaria. E continuaríamos acorrentados às mesmas limitações que impedem a transformação.

Dito isto, que é bem importante, agora é respirar. A semana, sob a presença forte da Torre, reveste-se de inúmeras e surpreendentes possibilidades. Como se Shiva, o deus hindu da destruição, abrisse seu olho e nos proporcionasse todas as reviravoltas de que precisamos – mas não sabemos disso, e até podemos achar que um desastre totalmente descabido e injusto se abateu sobre nós. Esqueça frases do tipo “não é justo”, “não concordo”, “não acho certo”, “não quero”. A vida está ensinando, tenha certeza disso.

Estude e avalie com o máximo de tranquilidade os eventos da semana, conforme eles forem acontecendo. Pode acontecer o que for: explosões, rompimentos, rupturas, mudanças radicais, verdades sendo reveladas, segredos vindo à tona. A melhor posição será a de quem conseguir não colocar um rótulo imediato de “desastre” nos acontecimentoos e se dedique a observar que tipo de novo campo abre aquilo que está sendo destruído.

Como uma enorme máquina niveladora rasgando o chão para abrir espaço para uma nova construção, arrancando tudo o que vê pela frente para que o novo possa ser construído – assim também a nossa semana pode sentir muita coisa sendo arrancada. No fundo, tudo tende a ser uma libertação – e, a menos que nos agarremos às velhas formas, aos velhos conceitos, às velhas posições, a semana tende a nos liberar, a nos transformar, a eliminar de nossas vidas o ciclo limitante das crenças que nos aprisionam.

Uma imensa carga de consumo energético se anuncia, e aquelas reviravoltas de que eu falava no começo, podem sim esgotar as nossas reservas. É preciso atenção e calma. É preciso observar as suas expectativas de forma lúcida e racional, para que não extrapolem e se tornem espadas apontadas em sua direção. A Torre pede que não fujamos daquilo que nos aconteça, que sustentemos a destruição ao nosso redor (e dentro de nós) para que possamos ver a luz do novo dia.

Algumas dicas para viver melhor a semana.

Perceba que por detrás de qualquer péssima notícia existe uma articulação de forças. Minha avó dizia que, quando se fecha uma porta, abre-se um portão. Não procure ainda o portão, porque é preciso viver o fechamento da porta. Saiba, tenha certeza, que o portão existe e logo estará aí, mas não perca tempo não vivendo o momento presente, por assustador que seja. Aproveite toda vivência para aprender, para expandir a sua rede de conhecimentos. Não se afunde na autocomiseração, porque todo caos que possa surgir esta semana existe para libertar você de algo que o aprisiona. Assustador? Sim, provavelmente. Ninguém gosta de sentir as suas consolidadas seguranças (e ilusórias) balançadas e desintegradas.

Mantenha o seu campo mental limpo. Não permita que energias densas, de espíritos sofredores e tensamente negativados inoculem sua toxicidade em você – tanto faz se você pensou em vivos ou mortos, espíritos os há de todas as formas. Lembre-se de que aquilo que atraímos é aquilo que emitimos. Ajude-se e ajude quem estiver ao seu redor. Se as explosões forem internas, busque formas positivas e saudáveis de lidar com elas (um bom terapeuta, um oráculo bem interpretado, uma conversa com alguém por quem você nutra profundo respeito, ritmos de meditação, caminhada e respiração). Se as explosões forem externas, mantenha-se atento, busque lugares seguros, não se envolva com o que você não pode ou não sabe lidar. Muita, mas muita atenção, àquilo que você vibra. Assim como o pânico, todos os sentimentos são contagiáveis. Revise seus dias, revise seu estado emocional, recupere as suas forças.

A Torre muitas vezes nos pede fé e coragem. Sempre, na verdade. O destino nos golpeia e nós reagimos a ele. Resistir às mudanças que chegam até nós, ainda que seja assim, sob golpes, só nos leva ao sofrimento, à angústia e à ansiedade. Não resista, observe desde seu posto interno, com a certeza de ser quem você é e lembrando do portão que sempre se abre quando uma porta se fecha. Ser otimista não é ser ingênuo, como alguns podem pensar, mas uma decisão de se permitir não sofrer. As surpresas que a semana trouxer, e eu acredito que as traga, precisam mais do que nunca de um último ingrediente, realmente indispensável: o seu senso de humor. Não o perca, sob hipótese alguma e lembre-se: a vida sempre vence, e nosso caminho é em frente. Boas transformações e boas reviravoltas em sua semana!