O arcano XIX, o Sol, nos introduz esta semana aos férteis e imensos campos da vida cósmica, nesta última Carta do ano de 2024. Estar dentro e diante do Sol é uma dádiva, sem dúvida, mas é preciso ter consciência, consciência de si próprio e consciência com o outro. Explico. A palavra consciência em sua origem nos coloca obrigartoriamente em relação com o outro – com + scire, que é a origem latina da palavra, nos oferece um “conhecer, ou saber, com, ou junto” – portanto, conhecer junto, saber com o outro. Consciência sem o outro não existe, o que equivale a dizermos que tudo o que eliminamos, seja por desconsiderar, negar ou abstrair, nos retira conhecimento de nós mesmos e do próprio outro.
O Sol nos falaria disto de outra forma, ele nos diria “nasço todos os dias para todos, sem exceção, basta observarem o que é bastante óbvio, só não vê quem não quer”. O Sol é uma carta pródiga e próspera, que nos fala de continuação, de geração, de luz, de calor, de vida. Quando sob a sua influência, convém cuidar da arrogância, da falta de escrúpulos – como brilha sem parar e para tudo, pode acreditar que seja de fato o centro do universo (um lindo engano) e perder a compostura e os limites do que de fato pode. É bom lembrar que, assim como o nossos sistema solar é uma pequena e minúscula parte do universo, também nós somos bastante insignificantes.
Há alguns outros pequenos alertas para a semana, algumas pequenas dobras nesta luz solar que acompanha o nosso fim de ano.
O primeiro alerta vem do próprio Sol – cuidado com excessos, cuidado com a perda da consciência, cuidado com a impressão que você possa ter de poder tudo, inclusive o que 1) não lhe pertence; 2) não lhe convém; e 3) não lhe é permitido. Levando em consideração essas três questões, seja feliz e faça os outros felizes.
Pode ser muito problemático esta semana (esta faceta já nos acompanha desde a semana passada, na verdade) entender que podemos escolher o que quisermos, que somos livres para isso, sem considerar as consequências, e sem considerar inclusive que as eventuais consequências boas podem ser bastante passageiras. Podem não ser. Assim como não deveríamos acreditar que um bom começo já nos oferece um bom desenrolar, também não deveríamos imaginar que um bom começo prenuncie um bom negócio. As primeiras impressões, mesmo que sejam as que fiquem, não dão conta de ver o desdobramento das coisas, atenção, e podem levar a enganos. Lembre-se de que para se ter consciência é preciso ter um outro lado, confira com esse outro as suas impressões e aí então tome decisões.
Por outro lado, e este é um lado muito positivo, temos uma energia presente que nos inspira a nos dedicarmos ao que foi negligenciado durante os últimos tempos. Poderíamos até dizer durante o último ano, ainda que obviamente um dia de calendário seja algo bastante simbólico – astrologicamente, por exemplo, estamos ainda a léguas do novo ano, que acontecerá apenas em março. Porém, a energia positiva da semana nos fala desse calor que o Sol nos oferece, e esse calor está muito especificamente ligado aos nossos processos internos, que podem modificar, fertilizar e impulsionar transformações. Em nós mesmos, talvez num primeiro momento, e logo de forma aberta e expansiva, como é esse Sol que nasce sem perguntas e brilha no céu de toda a Humanidade. Dedique-se a finalizar pequenos trabalhos e tarefas durante a semana, para poder estar pronto e preparado para as semanas que se seguirem. Não deixe assuntos pendentes, conversas pendentes, acertos pendentes. A semana favorece as resoluções.
O que pode mudar, e isto surge do baralho de forma muito propícia, é a maneira como nos relacionamos com as forças solares, com as forças da consciência, que nos permitem saber e conhecer de forma profunda e que não se deixam abalar pela distorção, pela mentira e pela iniquidade. Meu desejo é que estas forças cósmicas, tão benfazejas, possam se estender a todos os recantos do planeta, que possamos em nossa pequena existência ter consciência das demais existências, que possamos e saibamos guardar em nossos corações a força da nossa Humanidade solar, que a todos e todas inclui, sem exceção.