Rainha de Espadas

Abrimos a última semana do mês de março a golpes de Espada – e não qualquer Espada! A Espada da mais clara, decidida e argumentativa de todas as Rainhas. A sua presença dá-nos algumas pistas do que pode ser propício esta semana e, também, ao mesmo tempo, daquilo que vale a pena preservar, cuidar e manter sob vigilância.

Estamos diante de uma das Grandes Mães da Inteligência. A confiança de bem observar e retirar conclusões corretas e acertadas caminha ao nosso lado, e, sem exageros, eu diria que podemos confiar em nossas percepções. Não permita, por isso, que as imagens e deduções alheias nublem a sua própria visão – perguntas demais aos outros, esta semana, talvez não ajude. Interiorizar-se, buscar respostas verdadeiras internas – esse é o conselho deste Arcano. Arriscado, pode você estar pensando. De fato: confiar em si mesmo é uma faca de dois gumes, e bem afiados. Há formas de fazer isso, e falaremos logo sobre elas. É bom, de qualquer maneira, afastar-se dos terrenos onde se escorrega, das situações pouco confiáveis. E além disso, ou por conta justamente de tudo isso, é de qualquer maneira uma semana muito boa para pôr um fim, parta dar um basta, a situações e relações que pouco ou nada lhe acrescentam, aliás muito pelo contrário – diminuem o seu potencial e a sua capacidade de ver claro ao seu redor. Mas é preciso atencão a não se deixar enganar pelo fogo das paixões e das emoções.

Esta figura, a Rainha de Espadas, tem o domínio do intelecto – aliás, ela sabe com maestria separar o pensamento dos impulsos que normalmente o contaminam ou deturpam. Pode ser que essa presença nos dê uma impressão de frieza – não se engane, a racionalidade pode ser fria, mas nem por isso desalmada. Ninguém costuma querer um copo de água quente quando quer estancar a sede, tanto quanto não se aprecia o calor da lã debaixo de um sol de 40 graus. A frieza costuma ser indispensável aos nossos processos do pensar, inclusive ao campo do ter ideias. A Rainha de Espadas reina em nosso pensamento – podemos dar-lhe asas ou soterrá-la.

Cabeça fria, diz-nos ela, cabeça fria. Não se resolve nem decide nada no calor da emoção. É benéfico retirar-se, deixar que os ânimos se acalmem. A meio de uma discussão, se ela se torna acalorada, é mais do que propício interrompê-la, e cada lado ser levado a refletir sobre os motores que estão em ação.

Agora, a que prestar imensa atenção? Aos momentos em que impulsos mais potentes que o seu próprio pensar aflorem em você. Momentos em que o coração acelera, já avisando que poderão ser pronunciadas palavras ou tomadas decisões que comportam riscos – riscos para si mesmo ou riscos para os outros. A língua desta Rainha é também uma língua ferina – lembre-se de que a palavra lançada não volta. Talvez retardá-la por um ou dois dias a faça ser melhor pronunciada ou escutada.

Os excessos desta Rainha, consequentemente desta semana, provavelmente estejam ligados ao falar sem pensar, ao agir sem pensar, ao viver sem pensar. Não se retiram por isso, do cenário, as ideias brilhantes que possam acender e fazer brilhar o seu pensamento. O momento é delas também, e existirão, sem grandes dúvidas. Mas são os excessos que me preocupam, e sobre os quais alerto: que a astúcia não seja crueldade, que a esperteza não sirva a retirar verdade a seus atos, ainda que a forma pareça boa, que a aparência parece suave e doce. Um bom exame de razões e motivos pessoais será importante, de maneira verdadeira e correta e reta.

Por fim, na velocidade do vento, é fugir de discussões acaloradas (repito para que eu mesma não me esqueça!), abdicando delas por preferir preservar a harmonia e a temperança. Nada de bom tende a vir, esta semana, dos excessos e dos exageros da fala e da ação. E como o que se entende por exagero ou excesso é sempre uma decisão e percepção muito pessoal, muito própria de cada um, mantenha a sua cabeça fria e não queira ser você a pessoa que aumentará a temperatura dos incêndios. Boa semana!