Quem nos acompanha nesta última semana de agosto, o Rei de Ouros, é uma figura um tanto austera e bastante consciente da materialidade. Tende a colher os frutos plantados e, como sabe que os plantou, e é bom conhecedor dos plantios, não se apressa, e nem lhe dará muita atenção se o que você tem é pressa.
Paciência pode não ser bem o seu mote, mas aqui ele se apresenta dessa forma, já segredando formas de aproveitar bem a energia que rodeia os próximos dias. Se você não tem consciência da sua vida material, e lhe dá o devido respeito e cuidado, você não tem consciência da sua existência no planeta. Entenda vida material como tudo aqui que é palpável, e que é da natureza desta existência terrena. As coisas que você tem merecem e precisam do seu respeito e do seu cuidado. Pense que tudo aquilo que você tem lhe foi confiado em empréstimo – seu corpo, sua casa, sua conta bancária, seus móveis. Nada disso é seu, perceba isso. Nada disso caminhará com você quando a sua vida terminar. Tudo será devolvido – a terra à terra, a água à água, o ar ao vento. Enquanto permanecemos nesta dimensão, e temos um corpo a quem precisamos alimentar, lavar, acolher, cuidar, precisamos lhe dar atenção. O Rei de Ouros sabe de tudo isso, e cuida daquilo que lhe foi emprestado, com maior ou menor consciência de que seja um empréstimo – sinceramente, não é tão fácil conversar abertamente com este Rei, porque não é um Rei falador, digamos assim. As mãos e os pés em ação são mais importantes que a conversa, e isso deve também se acomodar na nossa semana. Aliás, este é um Rei que aprendeu com as estações do ano em que há momentos em que é necessário silêncio, e gosta particularmente deles.
E porque tudo isto importa para a nossa semana? Porque é importante saber bem onde pisa, e reconhecer aquilo que chega até nós como resultado de plantio feito, e não se desesperar. Seja qual situação for, não se desesperar. Nós não estamos neste mundo para sofrer, e este pensamento é também um plantio. Podemos sofrer, obviamente, e sofreremos, como todas as coisas vivas imagino eu sofram de tempos em tempos. Mas isso não nos condena a sofrer, e só. Estamos neste mundo para o deixarmos, quando nos formos, melhor do que o encontramos. Você me dirá que parece que estamos fazendo, como humanidade, exatamente o contrário – e este é o problema da semana. Há muitas coisas que a humanidade está fazendo, não é bom ficar no raso das coisas. Ver a vida pelo raso da tela do celular, ver a vida pelo raso dos recortes que o instagram nos mostra da realidade. São recortes, não se esqueça disso.
Confie na sua voz, confie na sua intuição. Ela tem sido trabalhada nas últimas semanas, você pode perceber isso, se acompanha estas leituras semanais. De uma forma ou de outra, esta leitura tem falado disso, da confiança em si, da construção da confiança em si, da lapidação da confiança em si. Mantenha esse caminho, não se deixe abalar pela derrocada externa, eleve a sua vibração e com isso eleve a vibração ao seu redor. Não há outra coisa a fazer, enquanto transformamos o que recebemos de empréstimo em algo valioso para quem vier depois de nós.
É bem batida a expressão “seja a mudança que você quer ver no mundo”, eu sei. Mas pense nela. Transforme-se e transforme o que está ao seu redor. Isso fará os genocídios pararem? Fará as guerras terminarem? Fará a fome, a peste e o desespero cederem? Talvez não. Mas não se dará um grama sequer de alimento para nada disso, porque a sua mente, o seu coração, as suas mãos, os seus pés, as suas vísceras e o seu sangue estarão empenhados, até o último respiro, em se transformar e assim transformar o mundo. O ano já passou da sua metade, e corre ligeiro e áspero. “O caos é uma ordem por decifrar”, deixou-nos de legado José Saramago. Decifrar a mensagem envolta em caos, essa é a construção da semana. Não permita que nada derrube você de você mesmo, confie no plantio que vem sendo feito, nos passos que têm sido dados. Uma boa semana.