Muito apesar de todos os conflitos, sejam internos ou externos, a semana oferece uma possibilidade de equilíbrio e esperança – e o nome da porta por onde essa possibilidade pode ser acessada chama-se paciência. Há um equilíbrio de forças a ser conquistado, e enquanto esse equilíbrio de forças não considerar a necessidade de manter o centramento como a busca maior, pouco poderá ser realizado. Esse equilíbrio de forças não é apenas externo, aliás muito pelo contrário: ele está no próprio centro do seu ser, da sua pessoa. É esse centro que precisa, com paciência, ser acessado, trabalhado, equilibrado.
A palavra paciência, etimologicamente, ressoa as palavras aguentar e sofrer. Ser paciente, já se vê, não é tarefa fácil. Basta surgir diante de nós a palavra “sofrer” que já nos retiramos do cenário. Porém, sofrer é, literalmente, carregar algo sobre si, e não é o que se carrega que nos condena, mas a maneira como escolhemos carregar. Apesar de tudo o que nos rodeia, a forma como escolhermos carregar o que nos toca carregar nos colocará em nosso centro, ou não.
Como isso se aplica à vida cotidiana? Através do equilíbrio entre a atenção que se dá à vida externa e à vida interna, ao equilíbrio do nosso tempo dividido entre aquilo que é terreno, material e objetivo, e o que é sentimento, percepção, intuição e vida do espírito. É propício que consigamos dividir nosso tempo, nosso interesse, nossas ações, entre o fora e o dentro. Refugiar-se dentro, alhear-se do mundo, não é solução. Esquecer-se, por outro lado, de que o mundo existe e precisa da nossa atenção, também não é solução. Se nos mantivermos muito presos a nós mesmos, e às nossas necessidades e desejos, estaremos em desequilíbrio. Se nos lançarmos mundo afora, conscientes e encharcados da destruição em curso, envolvidos até à medula pelas forças em combate, pelo desânimo, pelo medo, pelo ódio, peka ganância, estaremos em desequilíbrio. Deixar-se sucumbir pelos fracassos não leva a lugar algum, lembre-se. Agarrar-se àquilo que já está morto não faz com que renasça. Há momentos em que é preciso compreender que a alternativa que existe é a vida seguir seu curso. Respire e tenha paciência.
Como uma grande e frondosa árvore, também nós nos elevamos da terra ao céu, criando, ao mesmo tempo, uma ponte entre o planeta e as esferas celestes, e uma sombra agradável espalhada ao nosso redor. Os benefícios dessa sombra não podem ser nossos, não faz sentido que a guardemos para nós mesmos, e também não faz sentido que desperdicemos a possibilidade de tocar terra e céu, e nos darmos conta do nosso próprio tamanho, e do tanto que não conseguimos entender desta vida. Mantenha-se acordado para o seu próprio equilíbrio, e sem perceber estará equilibrando o que está ao seu redor. Abra seu coração para a vida, restabeleça as suas emoções, não seja aliado da raiva, da inveja e da morte. A semana pede que deixemos que a vida nos inunde e vibre dentro de nós, que nos alegremos por cada flor que desabroche. A paciência, afinal, é uma das mães da esperança, e esta, em nossas mãos, poderá manter-se acesa e viva, se nos dedicarmos a ela. O nosso equilíbrio, o nosso centramento, alia-se ao equilíbrio e ao centramento de todos os que o buscam, e assim nos fortalecemos, mutuamente. Que a semana seja leve, e benéfica.
