Em meio à revisão de um romance sobre livros, descubro várias coisas interessantes. Por causa disso, a revisão demora mais tempo do que deveria, enquanto eu me divirto vagando por universos que se descobrem diante dos meus olhos, paralelos e cada vez mais distantes da questão que me levou até eles.
Descubro a existência de uma expressão específica para os livros publicados entre 1450 e 1500, os alvores da imprensa. Em tipos móveis, essas publicações são chamadas de incunabulas – as provenientes do berço. Não deixa de causar-me assombro a quantidade de coisas que se desconhecem, e a sua capacidade de aparecerem quando menos se espera. Sempre me pareceu que berços e livros tivessem uma relação muito particular, mas não sabia que tinha nome.
São evidências da passagem do tempo.
Dos livros à pele, e dela de volta aos livros: é preciso que a revisão termine, para que eu possa dedicar-me a ler a pilha de livros que guardo ao meu lado, sem prestar muita atenção ao tempo que terei (ou não) para acariciar cada uma das páginas-pele à minha espera. Poderia continuar perdida em pensamentos sobre o que faremos sem a pele dos livros quando a hecatombe virtual nos dominar por completo, e sucumbirmos à praticidade óbvia dos ebooks e aparentados. Mas não devo – porque o tempo começará a passar veloz entre os meus dedos e o fim da revisão, e é preciso terminá-la.
Uma resposta
Me faz bem, saber dessa Virgem renovada a cada momento novo. Acalenta-me a alma.