Calmante de ânimo

Nada como um dia após o outro, sobretudo quando os que se vivem parecem ter 48 horas – parece até que o dia é o mesmo, mas na verdade verdade não: já é outro, dentro do mesmo. O texto anterior deixou muitos incomodados. Uns me aconselham ao longo deste dia que são dois a arrumar gavetas, receita infalível da avó do missivista, que via na atitude uma predisposição a arrumar a própria vida. Outros se espantam e soltam um “Como assim, você muda e tá desse jeito?! Volte, corra!”. E tem os otimistas: “Relaxa, Ana, é claro que você vai se adaptar!”.

E tudo isso me cria uma orelha na frente da pulga. Melhor escutá-la (à pulga).
Adaptar tem a sua origem lá atrás – lá onde a raiz vivia sozinha, solta no espaço, pronta e adequada ao uso. Uma palavra apta. A ela juntou-se esse sufixozinho tão pequeno e simples,um ad que parece uma brisa de verão, leve e tão fina que mal se sente já se foi. E que se apresenta em outras palavras, que vêm até ao caso.
Como admirar. Lá está o sufixo a introduzir uma das palavras mais bonitas e evocativas do latim clássico: mirari. Surpreender-se, encantar-se, aturdir-se.  Se recuamos um pouco mais, chegamos a mirus, aquilo que é maravilhoso, estranho e digno de nota; nem sempre agrupamos essas três palavras numa mesma intenção, mas pensando bem… quantas coisas que nos rodeiam são maravilhosas, notáveis… e tão, tão estranhas. Tanto que quase as deixamos de lado, ou olhamos para outro lado fazendo de conta que elas não estão ali, tentadoramente maravilhosas e notáveis. (Os falantes de castelhano têm sorte: quando olham alguma coisa, siempre la miran!)

E, assim que a tudo isso se junta o ad, junta-se um “além disso”, um “para”. Admirar é por isso um “para se surpreender”, “para se encantar”, “para se aturdir” com tudo o que é maravilhoso, estranho e digno de nota. Esse olhar com encantamento é justamente o que se precisa quando o assunto volta – ou seja, quando é preciso ficar apto e pronto outra vez. Explica-se essa necessidade insana de se adaptar, o tempo inteiro, a tanta coisa. Tanto que até inventamos um “readaptar”, para que fique claro que é preciso lembrar de se aturdir de novo com aquilo que já nos aturdiu antes. Ufa!

Para tornar-se apto mais uma vez (seja lá ao que for, à vida, ao cotidiano, ao amor, a si próprio) é preciso ajustar, modificar, encaixar e fazer caber. Movimentar a alma e o corpo na direção nova que se manifesta; sair da zona de conforto; penetrar no desconhecido; aceitar as mãos estendidas sem saber o que é mesmo que elas contêm; aprender novos números de telefone; conhecer as outras pessoas que fazem parte do próximo futuro. Tanta coisa. Mas sobretudo admirar e admirar e admirar. Pra que fique mais fácil o adaptar.
E é assim que as palavras nos salvam. J

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