Há momentos em nossas vidas em que descortinar o caminho seguro não é uma tarefa fácil. Dor e confusão ao nosso redor, perdas, tristeza e desamparo dificultam, por vezes, que consigamos ver de forma clara qual é o nosso lugar e o que está em nossas mãos. De pouco servirá, esta semana, entregar-se e sucumbir a tudo isso. Alguma força será necessário resgatar, ou criar, de dentro de nós para nos mantermos de pé. Encarar o que de mais desagradável possa existir nos coloca em sintonia com a carta desta semana, o necessário 3 de Espadas.
Por que necessário?, você dirá. Por que um arcano que fala de si mesmo com palavras que incluem falência e más notícias é necessário? Porque somos uma única humanidade habitando um único planeta e, muito apesar das realidades serem gritantemente diferentes, ainda é e será assim. Uma só humanidade, um só planeta. Por isso, não é de estranhar que, por entre as 78 cartas que o baralho de Tarot nos oferece, o 3 de Espadas salte quase que por vontade própria. Estamos imersos em infortúnio, o caos está formado e em todos os cantos, em todas as esquinas, em todos os patamares, em todas as paisagens, esse infortúnio está presente. Quer se perceba ou não, está presente.
O 3 de Espadas traz consigo a possibilidade de compreender aquilo que não se compreendia. Por isso é um arcano necessário, porque é esclarecedor. Traz dor, com certeza. Traz luto. Mas traz profundos aprendizados, e o mais importante nestes dias, em tom de advertência, por assim dizer, é claro: é necessário encarar o que é desagradável, tanto quanto é necessário não se deixar abater, não se render, não desistir de si mesmo e da vida ao redor. Um coração que se parte é um coração que se fortalece, diz a psicóloga Saliha Afridi.
É muito importante, neste esclarecer-se, não confundir crer com saber, e por isso a possibilidade de compreensão se abre como um atributo da semana. Permita que as suas crenças sejam substituídas pelo conhecimento. As suas crenças podem não dar conta. E é aqui, talvez, que o rumo possa parecer perdido, e isso pode acontecer em algum momento da semana. e será justamente nesse momento que será preciso maturidade para reencontrar esse rumo, assim como a paz que é preciso cultivar, a qualquer preço, dentro de si próprio e ao seu redor. A qualquer preço, a paz.
Fique atento, esta semana, a qualquer espaço em que discussão, raiva, ódio possam querer se infiltrar. Não se submeta ao medo, o que não significa negar a realidade ou manter-se a salvo dela. Mantenha a sua cabeça erguida e não se ausente da vida, não se ausente da dor, do sofrimento, do luto. De pouco adiantará, esta semana, dizer para si mesmo que a dor do mundo não alcança a sua vida, negar que as lágrimas de alguém não atingem o centro do seu coração – haverão de alcançar, e nesse momento é preciso estar inteiro, sereno e de coração aberto.
Pratique a compaixão como sua mais poderosa ferramenta e abstenha-se de julgar. Afinal, o que sabe você da dor e dos desafios alheios? Em vez disso, ocupe-se em sair das crenças que impedem a visão da realidade, amplie a sua capacidade de ser humano, abra-se ao outro. Em qualquer hipótese, opte pelo coração aberto. Não se apresse, mas não fique parado. Se é necessário mudar a sua forma de pensar, se nesta semana perceber que antigas formas de ver o mundo já não respondem, não receie assumir outras novas. Tudo, menos a estagnação. A paz se cultiva dentro, ainda que seja difícil cultivá-la e ao mesmo tempo estar aberto e dentro do mundo. Mas é esse movimento, dentro e fora, fora e dentro, que iluminará a semana. Que as suas orações se elevem, que as suas palavras criem conforto onde quer que sejam ouvidas, que as suas ações estejam permeadas pela palavra compaixão. Aos nossos irmãos e irmãs que sofrem as atrocidades da guerra e do inaceitável, a todas as crianças mortas nos conflitos adultos, o nosso olhar profundo e o nosso amor incondicional.