O 3 de Paus é uma carta simples, costuma-se dizer, o que tende a gerar enganos. O fogo do naipe de Paus parece estar sob controle, mas isto é apenas uma impressão primeira – este fogo está pronto a saltar em pequenas labaredas. Nesta nossa nova semana, é possível que alguns desafios venham ao nosso encontro, e tenham muito pouco a ver com o ambiente ao redor e muito a ver com as nossas motivações internas. O 3 de Paus volta-nos para dentro de nós mesmos, e para aquilo que nós consideramos ser a nossa mais correta maneira de ser e estar no mundo. Não deve adiantar muito, estes dias, reclamar da sorte, do outro, do mundo, do vizinho e por aí vai.
Há várias formas, entretanto, de olhar para aquilo que a vida pede, e esta semana, o 3 de Paus nos propõe a forma da misericórdia. Sentir no coração, e aguentar junto. Desenvolver a capacidade de sentir o que o outro sente. Esse lugar, de sentir o que o outro sente, é uma prática de abertura do coração, menos evidente que grandes palavras e atos majestosos, porque é no silêncio e na observação de si que podemos chegar a esse lugar. Uma espécie de o outro em mim.
Importa menos, esta semana, se o ambiente ao redor percebe ou não seu movimento. Acho até que pode atrapalhar. A sua presença nas coisas e nas pessoas, de forma voluntária e espontânea, é o que pode ter mais força, e isso se dá no trabalho silencioso do coração. Talvez baste um gesto, um sorriso, um olhar. Preste atenção aos encontros fortuitos da semana, o que chega de manso. O 3 de Paus tende a receber e canalizar, e isso já é bastante. Não se provoca nem se anula nada – querer fazer isso provavelmente crie problemas, a semana está mais ligada a um deixar fluir do que a querer criar ou descriar. Por isso o movimento da compaixão, e que está ligado profundamente à misericórdia, pode ser tão potente, porque muito tende a ser recebido e canalizado. É preciso estar atento para bem receber e bem canalizar.
Há uma provável tranquilização do que vem sendo objeto de esforço e batalha, mas tem que ter havido esforço de fato, e tem que haver uma qualidade específica nas batalhas – se a mola propulsora das nossas batalhas for a animosidade, a ira, a fúria, o retorno será equivalente. Recebe-se na medida em que se paga. Sendo assim, é claro que cabe muito bem um tempo diário de reflexão sobre a qualidade do esforço, a motivação da batalha. Ordenar de forma correta as motivações, e o porquê de querermos e insistirmos nas coisas na maneira como fazemos, é um prato cheio para uma carta destas.
Por outro lado, é importante não se perder no êxtase de ter encontrado uma resposta (calma e tranquilidade, já se sabe), não imaginar que se vai corrigir tudo o que há a corrigir (por isso, dedique-se de cada vez a um aspectozinho de si mesmo, que já será bastante) e nem se ter a impressão de que já se chegou ao fim, e que pronto, está tudo resolvido. Cuidado com cristalizações, a vida é dinâmica e mutável, e a sua essência é a impermanência. Pra fechar, não caia em velhos hábitos – a semana é sobre adquirir verdade sobre si mesmo e ousar ser mais parecido com quem você é realmente. Confie na estrela que iluminou seu nascimento, porque ela continua iluminando a sua existência. Ser quem se é é a melhor forma de se ser.
Respostas de 4
Bem no Alvo!
Flash!
Que legal
<3