O Julgamento Final

As semanas se sucedem, com seus desafios e potencialidades. Muitas semanas desafiadoras, um respiro de vez em quando… Para quem terá sido diferente? O Julgamento Final, nesta semana de fevereiro, nos oferece a possibilidade de nos reinventarmos. E isso tem a ver com a gente, com a nossa maneira de encarar e olhar para esses desafios e potencialidades que toda semana, todo dia, toda hora oferecem. O arcano XX é um indício de transmutação e de renovação, de esperança, de encontro consigo mesmo, de verdadeiro, profundo e talvez doloroso encontro consigo mesmo. Mas são os nossos passos que nos levam ao nosso destino, e apenas eles. As cartas, como os astros, nos mostram inclinações, mas somos nós que as percebemos, somos nós que trabalhamos com elas, e que damos os nossos passos. Ninguém fará isso por nós.
O Julgamento Final nos traz uma peculiaridade – dentro desta renovação toda que ele propõe, dentro deste chamado para se abrir, para ir em frente, para encarar a vida com um novo espírito, um novo humor, um novo ânimo, é preciso cuidado com a irresponsabilidade.
Isto é: esse novo que se anuncia precisa muito estar fora da esfera das circunstâncias caóticas emq ue nos envolvemos e da confusão em que nos metemos; é preciso atenção às atitudes impensadas, à falta de tato com o outro e consigo mesmo, aa enfiar-se de cabeça em uma situação sem pensar e sem refletir a seu respeito, dizendo sim para situações sobre as quais não nos demos o tempo de refletir.
O alerta diz respeito sobretudo às situações levianas, a deixar-se levar por brincadeiras fora de hora, pela experimentação inconsequente. Não existe nada inconsequente, tudo tem consequência, e este arcano é mestre em nos falar disso. Tudo o que é leve, ou se mostra como leve (é daqui que vem a palavra leviano), ou parece despretensioso (“nossa, uma coisa tão à toa…”) deveria ser objeto de bastante atenção. Não há nada leve, não se engane. Há muito sofrimento pelo mundo afora, não é só na sua vida, e a saída, neste momento, não é o que é leve. esteja atento, seja cuidadoso e prudente, aproxime-se das coisas e das pessoas, e das situações com a mente clara e sem pressa. Respeite o tempo, peça ele o que ele pedir. O tempo, ao que tudo indica, esta semana trabalha a nosso favor.
O que quer isto dizer? Que se algo atrasa é porque é benéfico que atrase, se algo não se manifesta no tempo que você gostaria ou você esperava, é porque é propício que assim seja. Existem, esta semana, indicadores para a compreensão profunda do que é crescimento, mas muito provavelmente seja necessário parar para perceber. Não se percebe o crescimento de uma planta sem lhe dar tempo e se dar tempo de observar, em silêncio e com calma. Assim deveria ser a nossa semana.
O Julgamento Final é um arcano de cura, especialmente de cura emocional. É uma carta de redenção, de liberação, de resgate. Em sua presença, algo fortalecedor é se olhar no espelho e perceber os passos que já foram dados, os lugares por onde se passou, o que já se aprendeu. Você chegou até onde você está pelas escolhas que fez, não importa quais tenham sido. Se apropriar dessa experiência de vida e reconhecê-la nos leva mais perto de quem somos neste momento. Quando o Julgamento Final surge em nosso caminho, é momento de mudanças e de colheitas. Ainda que não se saiba – ainda – exatamente o que fazer, podemos nos dizer que sabemos que estamos a caminho. As revelações virão, esta semana, e o Tempo é o seu patrono. A semana pede sim moderação, pede paciência, zelo, cautela e realismo. É importante aguardar o momento favorável para o que se precisa ou quer fazer, e o ponto chave da semana é observar as circunstâncias – as suas, internas, e as do mundo, externas. E só depois desse movimento habilidoso, dar os passos que se mostrarão inevitáveis.