Pelas mãos do Rei de Copas, entramos numa semana com grande probabilidade de ambiguidades. Dependendo dos humores, e sobretudo da maneira como permitirmos que eles se manifestem e nos alterem, podemos entrar nos campos da intolerância – e ela, a intolerância, é o nome do perigo da semana.
As correntezas de um rio mudam sem aviso prévio, e as águas aceitam e absorvem a mudança, sem lutar contra ela – essa seria uma atitude sábia a guardar ao longo dos próximos dias. Este Rei não está muito preocupado em materializar alguma coisa, ou em chegar ao final de um processo da maneira como o projetou. Suas águas estão sujeitas a muita variação de temperatura, e esse fato pode nos fazer interpretar situações da semana de forma equivocada – pode ser que a água esfrie, e que toda aquela paixão e vontade que parecia existir esfrie com ela. São coisas assim que é preciso aceitar, como o rio aceita a mudança das margens que o contêm e a inclinação do terreno que o faz, ora se precipitar em queda, ora deslizar pela planície.
Este Rei de Copas parece-se um pouco com este sol da manhã que nasce a iluminá-lo. Promete um dia, sem dúvida – e nós logo lhe projetamos as cores que desejamos. Acontece que aquilo que parecia prometer não seja parecido com o que afinal oferece. A vontade pode variar, como variam os sentimentos deste Rei, levado pelas águas que ele mesmo governa.
Estas são águas aquecidas, por vezes ardentes, fervendo subitamente. Há que ter cuidado com elas, e entender que talvez não exista combustível que torne eterna tanta ardência, tanta paixão. A vontade da Semana, por isso, tende a mudar.
A intolerância, a falta de capacidade e paciência para aceitar mudanças, é provavelmente o perigo da semana. Portanto, se ainda não sabe, aprenda a respirar. Quanto maiores as suas expectativas, maior a necessidade de aprender a respirar dentro delas, com calma e tranquilidade. Demorar a aceitar a mudança da temperatura, achar que decisões são entidades imutáveis, que uma vez prometido para sempre garantido… O caminho não se tornará mais fácil dessa forma.
O conselho da semana é aproveitar a água na temperatura em que ela estiver e não deixar de nadar para reclamar que a temperatura mudou.
Não confunda teimosia com perseverança, nem volubilidade com resiliência. É possível perseverar, manter o leme nas mãos e não permitir que a nossa embarcação, nosso navio, atole nos cantos e nos bancos de areia da semana, assim como é possível navegar em qualquer água, desde que saibamos observar, interpretar e aproveitar o que ela nos oferece. Não pretenda ditar regras, porque elas podem virar-se contra você lá adiante. Siga firme no seu caminho, não se deixe levar por provocações – sejam elas da cor cheia de promessas do amanhecer, sejam as do súbito virar do tempo para dentro da maior das tempestades.
As águas mais turbulentas alcançarão os lugares do remanso. Mantenha-se atento, e em paz.