O império do eu

Jonas voltou pra casa arreliado com a placa. Até fotografou. Ficou matutando no erro que tinha ali, e Maria dizendo deixa disso, tem erro não, vem deitar que eu faço você esquecer essa confusão, vem.
E Jonas nada. Encasquetado.
Sentou na cozinha. Acendeu a luz por cima da mesa. Passou um café.
Tentou discriminar, como lhe dizia seu primo Beto que devia fazer na vida. Botar as coisas certas de um lado, as erradas de outro. Assim, bem preto no branco e branco no preto. Ficou lembrando das palavras da placa. O café queimando na xícara de esmalte.

Meu Deus.
Já começava assim de um jeito que incomodava, essa mania das coisas serem minhas/nossas, tuas/deles. E Deus lá gosta de ser propriedade de alguém? Tomou mais um gole, apoiou a cabeça na palma da mão, deu um suspiro, olhou pra porta entreaberta do quarto.
Meu Deus.
Importante era o EU, assim nessa letra garrafal, dava pra ver de longe, maior que tudo. E do lado o motociclista, estendido ao comprido, dando mesmo a entender que era Outro, e não EU. EU estava passando por baixo da placa, aliviado que fosse Outro e não EU estatelado no asfalto. Com vida ou sem ela. A placa fazia prever o pior.
Podia ser EU.
Mas não era, e assim (mesmo Jonas) passara com alívio por baixo da placa, tomando cuidado para não ser ele o Outro na próxima esquina.
Lembrou-se do Beto. Com a mão, colocou um Deus invisível de um lado da mesa (esse é o lado certo, falou pra xícara). Do outro, o Meu. Do lado certo, o podia ser (porque tudo Deus pode, e por isso tudo podia mesmo ser, pensou mas não disse). E, do outro, Eu.
Depois trocou. Mesmo ele ficou arreliado do Eu ficar do lado do errado. Manteve Deus do lado certo, metade por teimosia, metade por fé. E trouxe o Eu pro lado dele. Deixou o podia ser do lado de lá, e levou o meu pra acompanhar. E antes mesmo de terminar o café já tinha formado uma nova frase.

Eu, Deus, podia ser meu.
Maria nem abriu os olhos quando Jonas se deitou, num abraço desmanchado em sorriso horas depois.

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