se recorto,
me alegro
me altero
me somo.
descubro por dentro
do corte
o invisível ocupante do todo:
a curva, o lençol,
a dobra fina de vento
na parede amarela do prédio
tenho um todo na palma da mão
sou lugar de curva
dobra fina de lençol
mistura inconclusa de verbos
um grito solto na lateral do papel
recorto e
me alegro
me altero
me somo:
junto o teu ao meu peito em carne viva
guardo-te imagem feito tela de retina
recorto-te do meio do todo:
e agora és palma
és tempo
e eu sou minha
Fotografia: Giovani Ferreira