Algumas formas de sofrimento podem surgir da nossa incapacidade de decidir ou de tomar posição. Sentir-se impotente, inadequado, sem saber o que fazer numa dada situação, não é um lugar agradável de estar. E é justamente esse lugar, por vezes até difícil de definir, que o 3 de Espadas ocupa.
Mergulhar nessa espécie de tristeza (e mergulhar fundo, porque pode ser uma tristeza antiga), mesmo não sendo a primeira das suas opções, pode ser eficiente no trazer respostas. Pode lhe dizer, por exemplo, que existe o tempo certo de tomar uma decisão, e talvez não seja agora, talvez seja necessário que se fortaleça, que ganhe instrumentos, que as circunstâncias sejam favoráveis. Ou pode ser que sim, que esteja na hora de se libertar de algum fardo, porque o momento é propício e a única coisa que falta é a sua coragem e a sua decisão. Saber o que fazer, e fazer, alivia o peso.
Em um ou outro caso, é necessário um certo desprendimento daquilo que já foi alegria e plenitude mas, observadas bem as coisas, já passou. Tudo tem seu apogeu, e tudo tem a sua decadência. Sem perder as folhas, as árvores não poderiam se abrir em nova folhagem. Isso é lindo de se perceber quando não acontece na nossa própria vida, óbvio – queremos manter a satisfação de um momento por toda a eternidade, mas essa mesma satisfação nos impede o crescimento. A tristeza de perdê-la precisa ganhar contornos, para que possamos seguir adiante, sem tentar a toda força manter o que já não é.
Boa semana esta para praticar respirações profundas, para ter domínio do pensamento e buscar alívio para as tristezas eminentes. Para registrar os bons momentos, agradecer a sua existência e mover-se. O passado deve ficar em seu lugar, e ser objeto de alegria, ser percebido como nosso constituinte, mas não como nosso presente. Lágrimas, separações, egoísmos e rompimentos fazem parte dos acompanhamentos deste arcano, mas não é preciso ficar preso a esse campo. Passe por ele como passam as águas do rio. E desague adiante, sem medo nem arrependimento.