Diante da imensa solidão que pode se erguer em nós esta semana, as forças do nosso pensar, do nosso intelecto, podem ser alívio e caminho.
Podem todas as batalhas acontecer ao nosso redor, e a nossa sensação de descolamento e de absoluto vazio interno diante da realidade manifestar-se, talvez paradoxal, talvez incompreensivelmente.
O ser humano que se abstém de pensar por si próprio, que nega a própria capacidade de dirigir suas ações a partir do reconhecimento pessoal da realidade que vive, está destinado ao fracasso.
Esta semana, se a mão da inércia, do desânimo, do desistir, tocar o seu coração, urge dizer-lhe não. Por mais difíceis e desalentadoras que sejam as notícias da semana, o nosso ser interno precisa de caminhos objetivos para compreender os acontecimentos – com a luz fria do raciocínio. A provação é um fato, mas há realidades por trás dela que ainda não conhecemos.
Raciocínio e inteligência são portanto indispensáveis esta semana, assim como ritmo e disciplina nas ações – abstração e teorização excessivas são um perigo; é preciso que a alma acompanhe e as mãos façam, ainda que precisemos lidar com a sensação do existir solitário.
Ao longo dos meses, temos de ter aprendido a resistir ao impensável. As provações, os desafios, as crises transformaram-nos interiormente, e é importante reconhecer essa transformação. “Nunca imaginei ter a força necessária para enfrentar isto”, pode ser uma frase que nos ocorra. E ainda bem.
Podem existir obstáculos inesperados, talvez – e diante deles o raciocínio se ilumina. As ilusões que ainda carregamos podem se interpor novamente entre nós e a realidade – e diante delas o raciocínio se ilumina. As contradições se acirram e a alma sofre – e diante delas o raciocínio se ilumina.
O importante é não cessar o movimento de reconhecimento de si mesmo e do mundo, ainda que a percepção de meta se torne confusa, difusa, distante demais; mesmo que algumas coisas tenham perdido o sentido. Perceba o cansaço da sua alma, a sua tristeza, mas lembre-se de que é preciso bater à porta do desconhecido para que ela abra. Não tema, não estacione, persista. A vida sempre continua.