9 de Copas

Você já parou para pensar o tamanho da dádiva que é estar vivo? Acordar no dia de hoje e perceber que seu coração bate e seus pulmões cumprem seu papel de manterem a vida? Olhar para o céu, seja dia seja noite, esteja chovendo ou nublado ou brilhe o Sol sob o fundo azul celeste, e poder ver nada a não ser perfeição, o trabalho incessante de todos os seres que se ocupam dessas dimensões?

Esta é uma das semanas em que, se não insistirmos no contrário, esses pequenos nadas, que no fundo são muita coisa, poderão invadir as nossas vidas, e transformar cada dia em alegria. Do livre arbítrio depende querermos.

Podemos escolher sermos doadores de alegria, e não de tristeza. Sermos transmissores de ânimo, e não de agonia. Buscarmos a luz que brilha na escuridão ou irmos em busca dos túneis escuros e frios. O 9 de Copas, esta semana, insiste em lembrar-nos que a alegria quer entrar em nossos dias, que a perfeição já existe e nós podemos acessá-la, entrar em sua casa, comer à sua mesa e convidá-la a visitar a nossa e nela se estabelecer.

A escolha, sorri o 9 de Copas, é sua. Observe o mundo em volta, perceba o Sofrimento ocupando tantas cadeiras, todas elas mais desgastadas do que a sua, e ainda assim muitos dos seus ocupantes valentes e confiantes. Vale a pena afundar? Vale a pena desistir? Certamente que não, mas é preciso fazer as escolhas corretas, e nao escolher a Miséria como sua companheira.

Deixe as frivolidades de lado

É também esse o alerta da semana. As frivolidades, as bobagens que nos amarram, as besteiras e os acessos de egocentrismo e de prepotência podem levar-nos ao extremo oposto – e nos transformarem em seres miseráveis, incapazes de gratidão, de generosidade, de afeto. Se a nossa vida estiver repleta de espelhos que só a nós refletem, e  às nossas misérias, só a elas e a nós veremos, multiplicados à exaustão, ora enamorados do reflexo, ora profundamente descontentes e aborrecidos. Veja que horizonte estreito.

Alegria não distribuída, não compartilhada, murcha e seca os orações. Mata a si mesma, se insistirmos em guardá-la, se tivermos medo de perdê-la, se acharmos que os outros não a merecem. Alegria é feita na partilha, na distribuição irrestrita, é aí que ela prolifera, se multiplica e se torna eterna.

Repare que eu falo de alegria, e não de felicidade. Falo de estar contente, e não de ser feliz. Não é possível ser feliz sozinho, e para não estar sozinho é preciso espalhar alegria, e não desânimo, que tudo afasta de nós, porque nele perdemos a alma. Se você pensou, agora mesmo “e todos os que não têm motivo algum de alegria?”, é apenas porque você não se dedicou a investigar. Se o fizer, verá que não existe ser sobre a Terra que não tenha um motivo, um motivo sequer, para ser contente.

Vale a pena investir, e insistir, em ver a beleza e nela se glorificar, o que significa nada querer em troca. Apenas entregar-se e ser seu reflexo.

Caos e desordem podem nos atrapalhar significativamente. Esse é o porém da semana, e também aqui o livre arbítrio fala mais alto, ou poderia. Ordene a sua vida, o seu dia, a sua mesa, as suas atividades. Acolha os imprevistos com o coração alegre – não julgue de imediato a porta que foi fechada. Sabe-se lá que outra porta abrirá justamente porque essa se fechou!

Respire, olhe o mundo com olhos novos todos os dias, aprenda a maravilhar-se com os milagres do cotidiano, seja a flor que desabrocha ou a folha seca que cai e é cuidada pelo vento em seu voo e pela terra em seu repouso. O cuidado existe. Está tudo bem, é possível transformar a perspectiva. Se dê o direito de parar de lutar consigo mesmo, feche os olhos, esboce um  sorriso e inspire.