As tensões do mundo externo precisam, quase que imperiosamente, que nos mantenhamos em ordem interna; que não subestimemos as dificuldades evidentes (ou que não fechemos os olhos e ouvidos a elas), mas que, ao mesmo tempo, sejamos parte ativa no equilíbrio de forças necessário, onde quer que estejamos, seja qual for o nosso papel individual no jogo da vida.
As cartas fazem um chamado bastante claro, através da Temperança, para dois aspectos: por um lado, o estarmos alertas e conectados com o centro do nosso ser. Como se faz isso? Praticando o estar presente naquilo que se faz, diminuindo a agitação interna, mantendo a indepedência necessária para não ser levado pelas paixões que possam reinar ao nosso redor ou dentro de nós. Estar em nosso centro significa estar atentos aos nossos sentimentos e não permitir que nos dominem aqueles que nos tiram desse centro. Atenuar, resfriar e moderar são palavras importantes a ter em mente para bem viver os próximos dias. Pense que a paz começa dentro da sua casa. Por outro lado, eu diria que é imprescindível mantermos a chama desperta dos nossos guardiões, anjos da guarda, protetores – seja qual for a palavra que você use para se referir a quem protege, guarda e abençoa a sua existência. Chame, invoque, reconheça – não seja leviano com as forças espirituais acordadas. Se você não acredita, sugiro que imite quem acredita. Ofereça o benefício da dúvida. Abandone, ainda que por apenas uns dias, as suas desconfianças. Deixe-as descansando. Entregue-se ao que não compreende, imagine estar rodeado por seres espirituais de proteção e amparo, desenhe-as em sua mente da maneira que quiser. Estas são forças de suporte e fundamento, não as subestime, e nem subestime a sua capacidade de perceber a sua atuação.
E por que essa necessidade? Porque não atravessaremos sozinhos os caminhos de trevas e espinhos que se desenham – nem agora, nem antes, nem depois. Mantenha os nomes do Divino, seja quais forem os que você invoque, em seus lábios. Aprenda com quem parece ter a fé indestrutível – é da superação de si mesmo que as dúvidas são conquistadas, é da insistência teimosa na busca do equilíbrio, é do admitir a existência do inexplicável que nasce a fé que nada destrói.
Se for necessário estar sozinho, esteja. Supere-se, e àquilo que é seu desafio. Desconfie da sensação de paz aparente, seja no pequeno, seja no grande – ela provavelmentre seja só aparência, porque os fundamentos das nossas vidas estão sendo sacudidos, e a intransigência humana parece não ter, e não tem, limites.
Não se furte a entrar em contato com o sofrimento alheio. Não se ausente. Lembre-se, todos os dias, de que habitamos o mesmo planeta e somos uma mesma família. Não há separações e diferenças entre nós, apenas aquelas fabricadas por interesses. Se o seu coração sofre, é porque está vivo. Se a tristeza invade, é porque se pertence à humanidade. Alimente essa chama, e proteja-se daqueles que desestabilizam. Estes são momentos de coragem e de silêncio interno, para poder ver e sentir e ser parte do todo. Reconheça e agradeça por cada pequeno privilégio – o teto que o abriga, o seu alimento, as suas possibilidades de alegria diária, os seus filhos crescendo, a sua família em segurança.
Peça ajuda, às forças espirituais, para manter a calma, o equilíbrio, para ser um veículo de fluxo, de cura, de troca, de reconciliação. Não permita que nada tire seu centro, sua visão clara. Ao menor sinal de atordoamento passional, resfrie, recolha-se, retroceda. Não ceda a nenhuma provocação, não permita que as forças do mal tenham ascendência sobre você. Há passagens e fronteiras diante de nós – que tenhamos os pés firmes para as atravessar e para ser um ponto de equilíbrio e esclarecimento para quem caminha ao nosso redor.