A questão da semana é esta: você quer encontrar-se com seu mais profundo ser? Ou prefere seguir vivendo à tona, à superfície, no espelho frio e liso das aparências?
O 3 de Espadas avisa que à superfície vivem a dor e o sofrimento, a ilusão, as notícias ruins, a tristeza, o desamparo, o engano, os fracassos. Abaixo dessa superfície, se respirarmos e mergulharmos, o silêncio que antecede a compreensão nos aguarda. Mas é preciso respirar – e mergulhar. Você tem coragem? Pode ser que sim, e pode ser que nesta semana pareça que não. E a fórmula mágica é a mesma: respire e mergulhe. Ficar à tona, identificar-se com o que vive à superfície, quedar-se por esses lugares de aparência, que parecem feitos só de verniz, não vai aliviar as dores da semana. Vai intensificá-las. Por isso, pense, por um instante, que as respostas podem estar em lugares diferentes de onde você costuma procurá-las.
Na presença do 3 de Espadas, o que puder ser colocado “de molho”, naquela lista dos “preciso fazer” sem data definida para acontecer, o que pode esperar – melhor esperar. Uma semana não dura uma vida, e isto aplica-se especialmente a esta. Mas, e se houver decisões inadiáveis, situações que não é possível simplesmente deixar na espera? E se não nos sentirmos preparados? Se estivermos cheios de dúvidas, indecisos, temerosos até de fazer o incorreto? Bem: é aqui que funciona o “respire e mergulhe”.
As discussões teóricas, os grandes voos do raciocínio e da razão não ajudarão muito a semana, porque é provável um campo ampliado de desarmonia e desequilíbrio, que não nos permita ir fundo. Mágoas do passado, tristezas que nem se conseguem explicar, lágrimas antigas brotando do nada – tudo situações possíveis. Quanto mais se observarem e se deixarem passar, sem querer mil explicações e entendimentos, e muito menos deixar-se enredar em sua teia, melhor. Se for preciso chorar, chore. Se for preciso atravessar um lago de tristeza, atravesse. Estamos excessivamente condicionados, limitados e críticos em nossas forças mentais para conseguirmos entender a vida ao nosso redor. A mente não dá conta, é só isso. Não tente encontrar explicações racionais para o que se veste de ilusão, porque não as encontrará. Chore, aceite e atravesse.
E, quando a mente não dá conta, o refúgio encontra-se no mundo amoroso da Alma. Prestar-lhe atenção, colocar-se sob sua guarda, é a saída para as turbulências. Não acredite muito no mundo exterior, não deduza o que não é possível deduzir, não antecipe festas, não imagine poder colher o que sequer ainda deu frutos – se parece até que já estão maduros, olhe de novo, as ilusões estão com as turbinas funcionando muito bem e a vida dos que preferem o engano está bem alimentada.
Pode ser bastante útil se, no decorrer da semana, começar a perceber que a maioria das ilusões (ainda por cima) é criada por nós mesmos. Por isso a mente não é de grande ajuda nesta semana – porque em suas mil voltas, ela nos convence de estarmos vendo água quando só existe uma planície seca, deserta e longa. E o que há de errado com a planície seca, deserta e longa? Provavelmente nada, e o problema seja insistirmos em ver fontes de água fresca onde ela não existe. A tranquilidade da alma (e da vida) está em conseguirmos ver o que é, e para isso (repito e repito) é preciso respirar e mergulhar, e deixar a mente quieta – a mesma que se faz acompanhar da espinha ereta e o coração tranquilo.
Invista em tudo o que fizer com que sua mente se aquiete, permita-se um tempo junto às forças sanadoras da natureza, beba muita água, movimente seu corpo, torne-se fluido e leve, não adira a nada que desestabilize a sua harmonia interna, desligue-se da maldade do mundo, distribua seu sorriso e a sua palavra amável, esteja com aqueles que escolhem dizer não às aparências das coisas e investem todo o seu tempo em mergulhar na leveza e na vida real. De tristeza e mágoa o mundo já está cheio. Seja um veículo de cura onde você estiver.
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