O arcano XX fala-nos de resgates, e fala-nos também do preço a pagar por eles. O resgate da consciência, sua liberação, não pressupõe o poder se fazer o que se quer, mas sim que algo liberto devasta a maneira como se agia antes.
Eventos extraordinários e súbitos estão dentro dessa representação. Há uma relação direta com o mundo do som – ao soar das trombetas, abrem-se portas – o despertador ressoa.
O Julgamento Final faz emergir o que está oculto. Seja o que você escondeu de si mesmo (para quem está dedicado a processos de descoberta de si, a semana pode ser um prato cheio), seja o que está escondido numa relação, ou na vida social, ou na vida profissional, a tendência é que venha à tona. O que fazer com isso?, podemos perguntar-nos (e muito provavelmente o faremos). Como de costume, há uma escolha a fazer: podemos continuar a negar (a nós próprios, às evidências em volta, àquilo que se mostra com tanta clareza), e podemos aceder a um novo estado de consciência. A segunda opção é a que separa a vida infantil da vida adulta.
É um arcano forte, para o qual é preciso ter se preparado. É o momento da escolha (qualquer que seja o grau de importância dessa escolha). Para quem não se sentou frente a frente consigo mesmo, seus medos, seus limites, despido de orgulhos e ilusões, a semana pode ser dura. E, apesar de, assim como o Sol nasce para todos, o Som das trombetas do Alto também ressoa para todos. Quem tiver ouvidos ouvirá, quem tiver olhos verá, e quem não os tiver será também impactado, mesmo que não tenha consciência disso.
Importante será não imaginar que, porque se viu a porta de entrada, será fácil atravessá-la. Reverbera ainda a carta da semana passada, o 2 de Paus: a gasolina continua em volta e a possibilidade de incendiar tudo é grande. Há passos a serem dados, mas também há sacrifícios, e não deveríamos nem subestimá-los nem descartá-los. Há uma Lua Nova esta semana, mas só ao final dela, na sexta-feira. Até lá, os tempos são de escolhas e decisões, como pede o arcano XX, escolhas que limpam o passado e têm vislumbres do futuro. Não desperdicemos a semana e nem a nós mesmos.